No começo eu não meditava porque, nas poucas vezes que eu tentava, o mar de pensamentos era tão grande que me parecia impossível conseguir limpar a cabeça. Mas eu aprendi que inclusive limpar a cabeça é um dos primeiros passos do caminho nesse incrível mundo interior.
Trazendo um pouco isso para a dança, essa auto-consciência de "como estou agora", aos poucos vai se tornando um estado permanente, e esse estado começa de alguma forma a nos guiar. Eu tenho cada vez mais claro pra mim aqueles momentos em que eu simplesmente sei: Eu tenho que dançar! Agora!! E por ter essa consciencia mais clara, acabo dando mais ouvidos a ela, e realmente, paro o que estou fazendo pra dançar, as vezes isso acontece em momentos que não dá pra parar tudo, mas nem que seja com o fone de ouvido dançando a dança imaginária dentro da minha cabeça, eu pelo menos tento!
E quando, através da meditação, conseguimos ouvir melhor o que estamos sentindo no momento, nos conectamos com nossa intuição. E ela faz maravilhas pela nossa vida e também para a nossa dança! :) É o "deixar fluir"... Deixar a música guiar seus movimentos e dizer o que virá depois...
Nesse momento entra a tal inspiração. Ou a musa inspiradora, ou o duende do flamenco...
O que viria a ser esse misterioso fenômeno que uma hora nos faz transcender e que depois passa dias sem aparecer? Ele está dentro de nós? Ele é aquilo que somos, ou ele é um ente mágico, que trabalha conjuntamente conosco?
O que viria a ser esse misterioso fenômeno que uma hora nos faz transcender e que depois passa dias sem aparecer? Ele está dentro de nós? Ele é aquilo que somos, ou ele é um ente mágico, que trabalha conjuntamente conosco?
Eu penso que a arte é um processo de conexão com o todo (com o sagrado, com o divino, como você quiser chamar essa força mágica que permeia todo o universo), e nosso papel é preparar o templo, fazer o que for necessário pra quando essa onda quiser chegar, ela encontre tudo no lugar, a música certa, o corpo funcionando com a técnica e habilidade lapidada durante os momentos em que esse ser mágico não estava ali...
Aos poucos vamos conseguindo perceber (e nesse ponto acredito que a meditação ajuda muito), quando essa força está querendo entrar, está entrando, ah!! está lá e você precisa estar pronta(o) para aproveita-la! Se a fadinha perceber que você está pronta para recebê-la, ela certamente virá mais vezes! E se tornará sua amiga, ao invés de te atormentar quando você sabe que devia estar fazendo a sua parte na equipe, seja treinando, seja alimentando a tal fada com inspirações, e todas as outras coisas que ela sussurra no seu ouvido e você só precisa estar alerta pra captar!
P.S. Esse texto brotou num momento de meditação e recebeu um acréscimo do vídeo abaixo que recebi da minha amiga querida (e também aluna) Elaine! Recomendo demais! É sobre alimentar a criatividade em processos artísticos e quem fala nele é a autora do livro Comer, Rezar e Amar, que agora fiquei com muita vontade de ler!
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