sexta-feira, 30 de julho de 2010

Gravar os próprios treinos...

Você já experimentou se filmar enquanto pratica?  Seja treino de fundamentos, improviso ou coreografia, se filmar é muito bom!  É como se de repente você ganhasse a consciência da sua dança de fora do corpo. Nessas filmagens, você percebe se há um cotovelo mal posicionado, ou se poderia estar um pouquinho mais firme no encaixe ou na contração da musculatura abdominal inferior...  Pode observar se suas mãos estão fluindo com o movimento ou se estão abandonadas ou tensas demais...  Pode observar sua expressão e sua postura e com tudo isso pode se tornar professora de si mesma...  Nosso olhar crítico sobre nossa própria dança e nossos próprios movimentos faz maravilhas, acreditem!

Por mais estranho que pareça, a auto-perspectiva que temos na gravação é totalmente diferente da que temos a praticarmos na frente do espelho, por isso diria que tais práticas podem ser complementares e por que não, conjuntas!

Na primeira vez que você se analisar no vídeo, provavelmente rolará um sentimento de auto-vergonha gigantesco... realmente não é legal ter uma noção tão clara daquilo que ainda não está bom...   Mas passada a quebra de ego inicial, ganhamos uma ferramenta poderosa de auto correção, e tal poder pode ser observado já no seu primeiro treino com a câmera...  É como se a consciência trouxesse luz automática sobre o que pode ser feito diferente...

Pra quem treina com vídeo então, eu diria que é indispensável!  

Isso não significa que aulas ou workshops regulares não sejam fundamentais na evolução de qualquer dançarina, até por que, é sempre bom ter um feed back de alguém que também dança, e muitas vezes está a mais tempo na jornada, além de reciclarmos nossos conhecimentos e fazermos a energia fluir... Mas mais uma vez, tais práticas se complementam.

Pra dar peso a tal forma de estudo, a própria Rachel Brice, no link que ela recomenda em seu DVD Serpentine, recomenda não apenas gravar a prática, como também determinar seus objetivos baseados nessa gravação. Aliás, estou devendo meu review sobre esse DVD. Pra quem ainda não viu, a Mariana Quadros já fez o dela no blog dela, mas é sempre legal ter mais de uma perspectiva, ainda mais sobre um DVD fantástico como esse!

E você, amiga leitora dançarina, já experimentou?  Conte-nos suas experiências com essa técnica de auto-aprendizado e aperfeiçoamento!

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Tribes Brasil 2010

No fim de semana mais importante do ano, para todas aquelas pessoas que buscam um contato maior com questões espirituais e profundas, seja pelo dia Fora do Tempo do Calendário Maya, seja pelo Guru Purnima hindu, ou pela lua cheia de leão, aconteceu um evento muito especial. E eu tive a honra e o privilégio de participar: O Tribes Brasil.

Em sua terceira edição, o evento foi perfeito em todos os momentos. Uma ótima escolha do local, que era lindo, confortável, com uma bela sala de prática com chão de madeira, espelhos generosos, e bastante luminosidade natural, com um teatro belíssimo e aconchegante. O cuidado na escolha dos workshops e oficinas e na organização do evento como um todo, com stands com produtos interessantes ao público e palestras super informativas e agregadoras de conhecimento relevante para todas aquelas e aqueles que estudam a dança.

Participei do workshop da Aline Muhana, introdutório ao ATS, no qual o enfoque foi a idéia de tribo mesmo, de o que fazia o tribal ter esse nome e essa energia, a troca de olhares, a cumplicidade entre quem dança, a transformação que a dança causa nos níveis mais sutis do nosso ser. Muito legal!  Fiquei feliz por perceber que a essência tribal brota naquelas que se identificam com o estilo, independentemente da convivência e sim, de princípios, ideais, forma de viver a vida!



O segundo workshop que participei foi o da Isabel de Lorenzo, com uma abordagem mais aprofundada sobre o ATS, seus conceitos fundamentais, tanto em relação a passos e movimentos, mas também sobre estrutura e posicionamento do grupo, muita coisa!!  A Isabel foi super atenciosa em tirar as dúvidas de todas nós, ávidas por conhecimento e informação...  com certeza um salto técnico e evolutivo para todas aquelas que participaram do work!


Assisti também a uma palestra da Paula Braz, que na verdade era uma introdução teórica do work que ela daria em seguida. Nessa palestra, tive inúmeros insights a respeito de mim mesma, coisas obvias e claras a respeito de quem eu sou e da minha trajetória artística que nem eu mesmo já havia dado forma antes...  Incrível!

No dia seguinte, participei do workshop de Tribal Fusion 2 da Geneva Bybee, que tratou principalmente de drills e seqüencias líquidas com forte influencia do hip hop. Uma delícia, sentir a dança fluir pela perspectiva da Geneva, que possui uma didática fenomenal, mesmo para aquelas que não falavam ingl&es, mostrando que barreiras de idioma não impedem que o sentimento de tribo brote e se fortaleça. Muitas fichas caíram pra mim, sobre o que é o Tribal, algumas existenciais... hehehehe...  Reforcei ainda mais a certeza da necessidade de realizar workshops sempre que possível, como forma de se renovar, de reciclar, de absorver novos conhecimentos....


Além de works, não poderia deixar de citar o Show de sábado...   O que foi aquilo??   Uma viagem pelo mundo das cores, sons, luzes e dança,muita dança... De excelente qualidade e nível técnico, cheias de estudo e paixão. Claramente perceptível o empenho de todas as pessoas envolvidas num show que o Tribal mostrou suas diversas faces, deixando claro que há espaço para a manifestação artística plena nesse estilo tão acolhedor e libertador...


Dancei no pocket show das 18 horas de domingo para uma platéia vibrante, num palco abençoado, que me fez me sentir super tranqüila e confortável para compartilhar aquilo que de melhor carrego dentro de mim...



Pra finalizar, percussão ao vivo, interrompendo o work de afro da Nadja, que de uma forma linda mandou todo mundo pra dentro da sala de aula, e continuou sua oficina com a sala lotada... Que momento mágico!  Ainda mais para mim que tenho raízes muito profundas em danças afro brasileiras...  Um momento de extase coletivo,  no qual tive a honra de dançar na roda com a Nadja e com a Crystal, minha companheira nessa jornada carioca, que dançou lindamente no show de abertura ao grand show, e alguém com quem uma linda amizade está crescendo...

Tanta coisa legal...  Se fosse falar de tudo o que senti, tudo o que me marcou, orgulhou, emocionou, surpreendeu, esse post ficaria maior ainda.

Sem dúvidas um evento iluminado e abençoado por todas as deusas e arquétipos da dança, que estavam presentes ali...

Gratidão!!!

E que venha o Tribes 2011, mais forte e mais belo do que nunca, alimentado pela auspiciosidade e amor de um evento como o do último fim de semana.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Cartas a um jovem poeta

Estou lendo o livro Cartas a um jovem poeta, de Rainer Maria Rilke. Na minha edição do livro,que comprei no estante virtual por 3 reais e é bem velhinha (adoro a história que um livro antigo conta por si só), ainda de quebra tem alguns poemas do poeta.  A primeira carta que acabo de ler, possui sábias e belas palavras a respeito do que move um escritor a escrever, e sinto que tal recomendação se aplica a todos aqueles que sentem aquela voz incessante que nos move a criar e expressar nosso profundo ser. Vale lembrar que cheguei a esse livro por indicação da grande mestra Rachel Brice, a quem vou conhecendo melhor através das incríveis sugestões, que me fazem crescer não apenas como artista e dançarina,mas também como ser humano.

Apreciem!



Carta a um jovem poeta
(Paris, 17 de fevereiro de 1903 )

      Meu estimado senhor:
      Recebi sua carta há poucos dias. Quero lhe agradecer a grande e amável confiança que esta representa. Mas pouco mais posso fazer. Não examinarei os seus versos, pois sempre fui alheio a qualquer intenção crítica. Para penetrar uma obra de arte, nada pior do que as palavras da crítica, que somente levam a mal-entendidos mais ou menos infelizes. Nem tudo se pode saber ou dizer, como nos querem fazer acreditar. Quase tudo o que sucede é inexprimível e decorre num espaço que a palavra jamais alcançou. E nada mais difícil de definir do que as obras de arte - seres misteriosos cuja vida imperecível acompanha nossa vida efêmera.
      Após isso, apenas acrescento que os seus versos não revelam uma maneira própria. Possuem, é certo, sinais de personalidade, porém ainda tímidos e ocultos. Senti-o no seu último poema, "Minha Alma". Neste, qualquer coisa peculiar procura achar solução e forma. E em toda a formosa poesia "A Leopardi" se sente uma espécie afinidade com este príncipe, este solitário. Entretanto, as suas poesias não têm existência própria, nem mesmo a última, nem mesmo a que é dedicada a Leopardi. Na sua missiva encontrei a explicação de certas insuficiências que, ao lê-lo, já havia percebido, mas a que não me foi possível dar nome. Indaga-me se os seus versos são bons. Pergunta a mim, depois de Ter perguntado a várias pessoas. Manda-os para as revistas, compara-os a outros versos e alarma se quando certos jornais repelem os sus ensaios poéticos. Doravante (já que me permite aconselhá-lo) peço-lhe que renuncie a tudo isso. O seu olhar está voltado para o exterior. Eis o que não deve tornar a acontecer. Ninguém pode dar-lhe conselhos nem ajudá-lo - ninguém! Só existe um caminho: penetre em si mesmo e procure a necessidade que o faz escrever. Observe se esta necessidade tem raízes nas profundezas do seu coração. Confesse à sua alma: "Morreria, se não me fosse permitido escrever?" Isso, principalmente. Na hora mais tranqüila da noite, faça a si esta pergunta: Sou de fato obrigado a escrever?"Examine-se a fundo, até achar a mais profunda resposta. Se ela for afirmativa, se puder fazer face a tão grave interrogação com um forte e simples "Sou", então construa a sua vida em harmonia com essa necessidade. A sua existência, mesmo na hora mais indiferente e vazia, deve tornar-se sinal e testemunho de tal impulso. Aproxime-se então da natureza. Depois procure como se fosse o primeiro homem, dizer o que vê, vive, ama e perde. Não escreva poesias de amor. Evite, de início, os temas demasiado comuns: são os mais difíceis. Nos assuntos em que tradições seguras, às vezes brilhantes, se mostram em grande número, o poeta só pode realizar obra pessoal na plena maturidade de sua força. Fuja dos grandes assuntos e aproveite aqueles que o dia-a-dia lhe oferece. Fale de suas tristezas e dos seus desejos, dos pensamentos que o tocam, da sua fé na beleza. Diga tudo com sinceridade calma e humildade. Utilize, para se exprimir, os objetos que o rodeiam, as imagens dos seus sonhos, as suas lembranças. Se o quotidiano lhe parece pobre, não o acuse: acuse-se a si próprio de não ser muito poeta para extrair as suas riquezas. Para o criador nada é pobre, não há lugares mesquinhos e indiferentes. Mesmo num cárcere cujas paredes abafassem todos os ruídos do universo, não lhe ficaria sempre a sua infância, essa preciosa, essa esplêndida riqueza, esse tesouro de recordações? Volte, para esta direção, o seu espírito. Procure fazer regressar à superfície as impressões submersas desse longínquo passado. A sua personalidade fortificar-se-á, a sua solidão povoar-se-á, tornando-se, nas horas incertas do dia, uma espécie de moradia fechada aos sons exteriores. E se lhe vierem versos deste regresso a si próprio, deste mergulho no seu cosmo, não pensará em indagar se são bons ou não, não tentará conseguir que periódicos se interessem pelos seus trabalhos, porque desfrutará deles como de uma posse natural, como de uma de suas formas de vida e expressão. Uma obra de arte é boa quando nasceu por necessidade: é a natureza da sua origem que a julga. Por isso, meu prezado senhor, apenas me é possível dar-lhe este conselho: mergulhe em si próprio e sonde as profundidades de onde jorra a sua vida. Só desta maneia encontrará resposta à pergunta: "Devo criar?" De tal resposta recolha o som, sem desvirtuar o sentido. Talvez chegue à conclusão de que a Arte o chama. Neste caso, aceite o seu destino e siga-o, com o seu peso e a sua majestade, sem jamais exigir uma recompensa que possa vir de fora. O criador deve ser um mundo para si próprio, tudo encontrar em si e nesse pedaço de natureza com que se identificou. Pode suceder que, depois dessa descida em si mesmo, ao âmago solitário de sim mesmo, tenha de renunciar a ser poeta. (Basta, no meu entender, sentir que se poderia viver sem escrever para não mais se ter o direito de fazê-lo.) Mesmo assim, a introspecção que lhe peço não terá sido inútil. A sua vida, desde aí, encontrará caminhos próprios. Que estes sejam bons, ricos e largos, é que lhe desejo, muito mais do que lhe posso exprimir.
      Que poderei acrescentar? Acredito ter abordado o essencial. No fundo, apenas fiz questão de aconselhá-lo a progredir segundo a sua lei, de modo grave e sereno. Não lhe seria possível perturbar mais violentamente "para fora", do que esperando "de que fora" as respostas que apenas o seu sentimento mais secreto, na hora mais silenciosa, poderá talvez proporcionar-lhe.
      Gostei de encontrar na sua carta o nome do professor Horacek. Dediquei a esse sábio uma grande estima e uma gratidão que já duram anos. Quer transmitir-lhe isso da minha parte? É bondade dele, que muito aprecio, lembrar-se ainda de mim.
      Restituo-lhe os versos que me confiou tão amigavelmente e mais uma vez lhe agradeço a cordialidade e a amplitude da sua confiança.
      Procurei, nesta reposta sincera, feia o melhor que pude, tornar-me um pouco mais digno dela do que realmente sou, na minha qualidade de estranho.
      Com toda a dedicação e toda a simpatia.
      Rainer Maria Rilke
      Poeta alemão / 1875 - 1926




Retirei a transcrição daqui.

Tribes

Esse fim de semana irei participar do Tribes Brasil, um festival que vai rolar no Rio de Janeiro voltado para o tribal e suas variações!  Para quem tá afim de fazer uns work legais, conhecer gente da cena tribal do Brasil, eu recomendo muito!

Vão rolar diversas apresentações em pocket shows durante o evento,e irei dançar em uma delas, a que se inicia as 18 horas.

Nos vemos lá!

Reportagens no Ig

Esses dias saiu uma reportagem no site Ig sobre diversas danças femininas, e dentre elas o Tribal Fusion, apresentado por mim. A primeira dela dando uma prévia, e a segunda parte um pouco mais aprofundada...  Abaixo seguem as duas máterias... Na primeira também são citadas outras danças,mas não coloquei aqui pra não ficar gigante o post,se quiserem saber mas sobre as outras, acessem direto no site!


Tribal fusion
O estilo “tribal fusion” surgiu a partir dos anos 70, quando dançarinas do ventre voltaram às origens tribais, misturaram grupos de diferentes áreas (Turquia, Índia, Oriente Médio) e acrescentaram elementos urbanos e contemporâneos à sua pesquisa. Isso deu origem ao ATS, que no início ainda seguia a lógica tribal de um grupo de mulheres que dançavam sempre juntas e tinham um “vocabulário” comum que permitia que dançassem de forma sincronizada e espontânea ao mesmo tempo. Com o tempo, a vontade se terem mais liberdade e alguma influência da cultura hippie, o ATS deu origem ao que hoje é conhecido como tribal fusion. “Essa sintonia acontece rápido, uma vai conhecendo o corpo de uma da outra, o sentimento de comunhão com as outras dançarinas é magico”, diz a professora Marília Lins. “Mas para acontecer de forma improvisada e em grupo, as coisas tinham que ser bem definidas. Tirava um pouco a criatividade”.



O estilo tem sua linguagem, mas a liberdade é grande. Não existe uma música certa – muita gente mistura com eletrônica, por exemplo -, nem uma roupa exata. “O tribal é uma manifestação de um arquétipo feminino da dança no presente. O que faz ser especial é ser uma manifestação da sua verdadeira personalidade. Não é uma mulher vulgar ou desencaixada, é consciente de sua sensualidade, sem ser escrachada. O importante é colocar esses aspectos mais pessoais e trabalhar sua feminilidade dentro de seu próprio contexto”, diz Marília.
Marília diz que a dança é para todas, mesmo as que não têm nenhuma experiência. A professora é procurada principalmente por meninas mais jovens, urbanas, modernas, com interesse em espiritualidade e ioga. E diz que o principal ganho que percebe nas alunas é exatamente levar essa descoberta da feminilidade para o dia a dia. “Acaba te transformando como pessoa, te deixando com uma sensação de mais poder na sociedade. Sabe que e bonita, sensual, se move diferente, mas não usa de forma apelativa. Essa transformação é uma coisa muito bonita”, acredita Marília.

e a segunda parte:


Use a dança para descobrir sua sensualidade

Conheça estilos que despertam e exploram a força da feminilidade

Carina Martins, iG São Paulo | 16/07/2010 09:05
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A dança pode ser mais do que uma forma de expressão da sensualidade. Pode ajudar também na criação ou descoberta da própria identidade sensual e feminina de quem se dispõe a arriscar alguns passos. E para chegar longe não é preciso ir na “velocidade cinco” do Créu. Pelo contrário. Muitas danças trabalham a sensualidade propondo o fortalecimento da identidade feminina e o empoderamento da mulher. Sem descer até o chão.

Foto: Edu Cesar/Fotoarena
Marília Lins demonstra movimentos do tribal fusion
É o caso do tribal fusion, estilo que parte da dança do ventre e une inspiração de tribos de diversas partes do mundo com a liberdade para acrescentar elementos contemporâneos.
A abordagem da sensualidade é exatamente uma das diferenças apontadas pela professora Marília Lins, 26, entre o tribal fusion e a dança do ventre mais difundida no ocidente. Apesar desta ser a base do tribal fusion e Marília fazer questão de ressaltar seu respeito pelo estilo, ela destaca que a versão “cabaré” da dança do ventre – a mais praticada no ocidente – tem uma sensualidade mais externalizada do que a proposta pelo estilo que ela pratica hoje.
“O tribal é uma manifestação de um arquétipo feminino da dança no presente. A dança do ventre também vai muito de encontro a esse arquétipo, a encontrar sua feminilidade, não dá para dizer que não”, admite. “Mas o estilo que chamamos de cabaré ganhou uma certa vulgaridade, certos padrões que, para o tribal, são muito para fora, tem muitas caras e bocas”, diz.
Marília explica como é o contato da dançarina de tribal fusion com a sensualidade. “Não é uma mulher vulgar ou desencaixada. Ela é consciente de sua sensualidade sem ser escrachada. A aluna se descobre na dança e coloca esses aspectos mais pessoais, além de trabalhar sua feminilidade dentro de seu próprio contexto”. Como as demais professoras e dançarinas ouvidas pelo iG/Delas, Marília conta que esse exercício de identificação com a própria feminilidade se reflete no cotidiano das praticantes. “Isso acaba vindo para o dia a dia delas. Te transforma enquanto pessoa, deixa com uma sensação de mais poder na sociedade. Ela sabe que é bonita, sensual, se move diferente. Mas não usa de forma apelativa. Essa transformação é uma coisa muito bonita”.

Foto: Divulgação
(Foto: Divulgação/Adrian Benedikt) Fascinatrix posa caracterizada
Apesar de ter uma sensualidade bem mais explícita, o neoburlesco também prega a valorização da mulher. Sim, alimentar o desejo está entre os objetivos desta dança. Mas mesmo tirando a roupa, a postura em relação ao próprio corpo é a maior preocupação do estilo – que traz para os dias de hoje o universo das pin-ups e do burlesco, que deu origem ao striptease.
Para começar, o neoburlesco defende a diversidade estética. “O burlesco existe desde o começo do século passado, então o neoburlesco é uma versão disso com elementos novos, porque seria impossível fazer uma coisa legal hoje com exatamente a mesma estética”, diz Karina Raquel, 36, a Fascinatrix. Para ela, “o que faz toda diferença agora é o momento da época, a liberdade da mulher e a diversidade – pode ser tatuada, ter piercing, não precisa ter 90 cm de quadril e 60 cm de cintura”.
Segundo a dançarina, essa diversidade ajuda mulheres a superarem suas inseguranças e levarem a nova atitude a outras áreas da vida. “O burlesco foge muito dessa coisa de padrão. E sempre que você trabalha a sensualidade, leva isso para outras áreas. É como começar a escrever: no começo tem uma trava, depois vai fluindo”, acredita. “Vai cada vez ficando melhor, se sentindo mais segura, mais bonita, mais feliz, se aceitando melhor”.
Em uma prática tão ousada quanto o neoburlesco, o risco de pesar a mão é grande. E esse é o segredo. “É o tempo todo uma coisa sensual sem ser vulgar. Quem já viu alguma performance, como as da Dita Von Teese, sabe que a dançarina é linda e chique, fica pelada e continua chique”, diz. Segundo ela, é uma questão de postura. “Não precisa rebolar até o chão, nem mostrar tudo. O segredo é posar como uma figura quase inatingível, alimentar mais o desejo sem oferecer tudo”.
"A banalização do sensual e do sexual nos deixou adormecidos para as sutilezas possíveis, e o burlesco resgata isso com o riso. Não é "olhe para mim, como sou sexy". É algo mais inocente e divertido, cheio de duplo sentido", concorda a dançarina burlesca Sweetie Bird. "O estilo ajuda a mulher a conhecer melhor o corpo, a ter controle sobre onde está e sua postura. Além dos benefícios de praticar um exercício divertido, o neoburlesco ensina a gostar do corpo, seja como for. A encontrar o seu melhor, e aprender a usar", define.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Festival Alternativo Kranti - Alto Paraíso - Goiás

Esse fim de semana, me apresentarei no Festival Kranti de Cultura e Arte Psicodélica! Esse festival é super tradicional, já rola faz uns 11 anos aproximadamente é conhecido por ser também um ótimo after do festival Transcendence, que esse ano não acontence, mas o Kranti sim!   E como cenário para o festival, nada mais nada menos do que a incrível Chapada dos Veadeiros, em Alto Paraíso.  Eu sou suspeita pra falar, pois amo Alto Paraíso, tenho até planos de um dia ir morar lá.

Irei realizar duas performances, uma noturna, evocando os mistérios da noite, da lua, do desconhecido, e outra sob a luz do sol, mais orgânica, alegre e florida!

Para quem está na região, é uma ótima pedida! E pra quem curte um festival de qualidade, e tá afim de ir respirar o ar mágico da Chapada dos Veadeiros também!



Pra quem está em São Paulo, uma ótima pedida é a Voodoohop, festa que costumo dançar, que dessa vez contará com a performance da minha querida amiga Crystal!  A festa dispensa comentários, e a novidade é um Dj de Istambul que vai tocar na noite!  Eu só não estarei lá porque estarei no Kranti... Vale a pena conferir, tanto pela festa, que terá como temática Psicodelia do Oriente Médio, quanto pela Crystal que dança muito bem! :D


terça-feira, 6 de julho de 2010

Serpente!

Um site com fotos magníficas de serpentes!!   Um belo trabalho do fotógrafo Guido Mocafico!  Recomendo muito! 

Além das (várias) fotos de Serpentes, divididas em duas séries, o resto do trabalho do cara merece uma olhadinha!! 

Uma das fotos é a que ilustra o head do blog!  Outras de natureza morta também são bem inspiradoras!

Adorei!





Achei aqui.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Rio Orient Festival

Depois de um delicioso dia de praia e sol no Rio (tava precisando disso!), na noite de sábado fui conferir as performances de Tribal no Rio Orient Festival. Consegui ver apenas a Kilma e a Bia Vasconcelos, mas isso não significa que não valeu a pena ter ido... Tanto a Kilma (com participação especial do percussionista João Cassiano) quanto a Bia mandaram muito bem, e trouxeram um brilho tribal pro evento através das danças e figurinos.


O dia seguinte começou cedo pra mim. Fui a primeira a chegar no lugar do evento, antes mesmo do pessoal da organização, e olha que eu ainda cheguei uns minutinhos atrasada, mas tudo bem, com aquela vista da lagoa, nenhuma espera chega a ser desagradável...

O primeiro workshop foi o da Jhade Sharif, o tema era Dark Arts e ela explicou o que era esse estilo, qual a diferença para o gótico e o que significava o termo Dark nesse contexto. A Jhade foi super atenciosa, me deu umas dicas legais e passou uns drills interessantes! Pena que passou tão rápido...



O próximo workshop foi o da Bela Saffe. Logo no início do evento a gente trocou umas rápidas palavras e pude de imediato perceber a luz que tem essa mulher. Um sorriso sincero e tranqüilo, um workshop muito gostoso de se fazer, uma generosidade espontânea. Adorei conhece-la e ter o privilégio de aprender um pouco com quem está passos a frente na caminhada!  O work foi composto de uma série de exercícios de isolamento e condicionamento, alguns dos quais eu ainda não conhecia, uma série de drills e dicas sobre os mudras, que posteriormente integraram uma coreografia muito florida de um tribal fusion com uma pitada indiana. Bela é uma grande estudiosa do Tribal, e já foi algumas vezes pra fora do Brasil, pra grandes festivais de Tribal e fez aulas simplesmente com Zoe Jakes, Rachel Brice, Mira Betz entre outras grandes deusas! Adorei conhece-la e confirmar o que sinto quando conheço as tribais: humildade, amor no coração, sintonia!


Próximo work do dia: Bia Vasconcelos. Essa menina é uma flor. Delicada e linda, deu uma aula com bastante condicionamento e alguns asanas, explicou também a diferença entre o Triba Fusion e o ATS, e focou bastante em isolamentos, drills e deslocamentos. No finalzinho passou alguns passos tradicionais do ATS. Foi bem legal pra mim para pegar novas formas de explicar o conteúdo mais básico pras minhas alunas e também dar uma reforçada nos fundamentos.  Bia, assim como eu, é formada em Direito, mas a dança falou mais alto. Foi legal perceber como existem semelhanças em nossa trajetória, inclusive em relação a uma das modalidades de yoga que estudamos. Bia é uma daquelas irmãs de espírito, e com certeza iremos nos encontrar mais vezes!




O último work oficial do dia foi o da querida Kilma Farias. Eu já tinha tido a oportunidade de realizar uma vivência muito interessante com ela de uma semana numa praia paradisíaca na Bahia durante o Festival Universo Paralello, mas dessa vez, com menos gente e sem todas as distrações que a brisa, o mar e o calor podem causar, conheci uma pessoa incrível. A paixão pela dança brota de todos os poros dessa serpente nordestina, que apesar de ser menor que eu (que já me acho pequena) quando dança se torna gigantesca, tamanha força e intenção ao dançar e ao ensinar. Kilma além de amar a dança, parece também amar ensinar e isso me fascinou! A forma como consegue tornar tudo mais fácil de ser assimilado, de conduzir a aula de um jeito muito divertido e de criar um sentimento de união entre todas as presentes me fez ter certeza de que estava diante de um verdadeiro espírito tribal!  Kilma passou uma seqüência coreográfica reunindo algumas combinações que aprendeu no exterior num festival chamado Spirit Of Tribes com diversas bellydancers. O resultado foi uma seqüência muito gostosa de dançar e que quebrou diversos paradigmas que todas nós vamos colocando dentro da gente sobre o que é certo e errado, mas que grandes nomes como Unmata fizeram questão de mostrar que a dança deve ser antes de tudo uma forma de expressão e não uma receita de bolo a ser seguida sem questionamentos.


Para coroar o evento, tivemos um plus ao final, com o percussionista João Cassiano, que também me encantou com sua sensibilidade artística, e junto com sua shakti Kilma fizeram uma vivência muito gostosa de ritmos brasileiros no derbak com passos de Tribal Brasil... Uma delícia!!  


Como podem perceber, eu adorei ter participado do evento! Foi uma grande oportunidade de entrar em contato com as profissionais principalmente do nordeste, mas também do Rio, conectando, trocando, e aproximando da dança tribal aqui do Brasil. Unidas somos mais fortes e belas! 

A única coisa que faltou na minha opinião foi a presença em peso das meninas cariocas nos works... Uma pena...  Mas as coisas são como são... e o Tribes vêm aí com força pra mostrar que a cena Tribal no Brasil tá só começando!