Tribal fusion
O estilo “tribal fusion” surgiu a partir dos anos 70, quando dançarinas do ventre voltaram às origens tribais, misturaram grupos de diferentes áreas (Turquia, Índia, Oriente Médio) e acrescentaram elementos urbanos e contemporâneos à sua pesquisa. Isso deu origem ao ATS, que no início ainda seguia a lógica tribal de um grupo de mulheres que dançavam sempre juntas e tinham um “vocabulário” comum que permitia que dançassem de forma sincronizada e espontânea ao mesmo tempo. Com o tempo, a vontade se terem mais liberdade e alguma influência da cultura hippie, o ATS deu origem ao que hoje é conhecido como tribal fusion. “Essa sintonia acontece rápido, uma vai conhecendo o corpo de uma da outra, o sentimento de comunhão com as outras dançarinas é magico”, diz a professora Marília Lins. “Mas para acontecer de forma improvisada e em grupo, as coisas tinham que ser bem definidas. Tirava um pouco a criatividade”.
O estilo tem sua linguagem, mas a liberdade é grande. Não existe uma música certa – muita gente mistura com eletrônica, por exemplo -, nem uma roupa exata. “O tribal é uma manifestação de um arquétipo feminino da dança no presente. O que faz ser especial é ser uma manifestação da sua verdadeira personalidade. Não é uma mulher vulgar ou desencaixada, é consciente de sua sensualidade, sem ser escrachada. O importante é colocar esses aspectos mais pessoais e trabalhar sua feminilidade dentro de seu próprio contexto”, diz Marília.
Marília diz que a dança é para todas, mesmo as que não têm nenhuma experiência. A professora é procurada principalmente por meninas mais jovens, urbanas, modernas, com interesse em espiritualidade e ioga. E diz que o principal ganho que percebe nas alunas é exatamente levar essa descoberta da feminilidade para o dia a dia. “Acaba te transformando como pessoa, te deixando com uma sensação de mais poder na sociedade. Sabe que e bonita, sensual, se move diferente, mas não usa de forma apelativa. Essa transformação é uma coisa muito bonita”, acredita Marília.
e a segunda parte:
e a segunda parte:
Use a dança para descobrir sua sensualidade
Conheça estilos que despertam e exploram a força da feminilidade
A dança pode ser mais do que uma forma de expressão da sensualidade. Pode ajudar também na criação ou descoberta da própria identidade sensual e feminina de quem se dispõe a arriscar alguns passos. E para chegar longe não é preciso ir na “velocidade cinco” do Créu. Pelo contrário. Muitas danças trabalham a sensualidade propondo o fortalecimento da identidade feminina e o empoderamento da mulher. Sem descer até o chão.
É o caso do tribal fusion, estilo que parte da dança do ventre e une inspiração de tribos de diversas partes do mundo com a liberdade para acrescentar elementos contemporâneos.
A abordagem da sensualidade é exatamente uma das diferenças apontadas pela professora Marília Lins, 26, entre o tribal fusion e a dança do ventre mais difundida no ocidente. Apesar desta ser a base do tribal fusion e Marília fazer questão de ressaltar seu respeito pelo estilo, ela destaca que a versão “cabaré” da dança do ventre – a mais praticada no ocidente – tem uma sensualidade mais externalizada do que a proposta pelo estilo que ela pratica hoje.
“O tribal é uma manifestação de um arquétipo feminino da dança no presente. A dança do ventre também vai muito de encontro a esse arquétipo, a encontrar sua feminilidade, não dá para dizer que não”, admite. “Mas o estilo que chamamos de cabaré ganhou uma certa vulgaridade, certos padrões que, para o tribal, são muito para fora, tem muitas caras e bocas”, diz.
Marília explica como é o contato da dançarina de tribal fusion com a sensualidade. “Não é uma mulher vulgar ou desencaixada. Ela é consciente de sua sensualidade sem ser escrachada. A aluna se descobre na dança e coloca esses aspectos mais pessoais, além de trabalhar sua feminilidade dentro de seu próprio contexto”. Como as demais professoras e dançarinas ouvidas pelo iG/Delas, Marília conta que esse exercício de identificação com a própria feminilidade se reflete no cotidiano das praticantes. “Isso acaba vindo para o dia a dia delas. Te transforma enquanto pessoa, deixa com uma sensação de mais poder na sociedade. Ela sabe que é bonita, sensual, se move diferente. Mas não usa de forma apelativa. Essa transformação é uma coisa muito bonita”.
Foto: Divulgação
(Foto: Divulgação/Adrian Benedikt) Fascinatrix posa caracterizada
Apesar de ter uma sensualidade bem mais explícita, o neoburlesco também prega a valorização da mulher. Sim, alimentar o desejo está entre os objetivos desta dança. Mas mesmo tirando a roupa, a postura em relação ao próprio corpo é a maior preocupação do estilo – que traz para os dias de hoje o universo das pin-ups e do burlesco, que deu origem ao striptease.
Para começar, o neoburlesco defende a diversidade estética. “O burlesco existe desde o começo do século passado, então o neoburlesco é uma versão disso com elementos novos, porque seria impossível fazer uma coisa legal hoje com exatamente a mesma estética”, diz Karina Raquel, 36, a Fascinatrix. Para ela, “o que faz toda diferença agora é o momento da época, a liberdade da mulher e a diversidade – pode ser tatuada, ter piercing, não precisa ter 90 cm de quadril e 60 cm de cintura”.
Segundo a dançarina, essa diversidade ajuda mulheres a superarem suas inseguranças e levarem a nova atitude a outras áreas da vida. “O burlesco foge muito dessa coisa de padrão. E sempre que você trabalha a sensualidade, leva isso para outras áreas. É como começar a escrever: no começo tem uma trava, depois vai fluindo”, acredita. “Vai cada vez ficando melhor, se sentindo mais segura, mais bonita, mais feliz, se aceitando melhor”.
Veja também
Em uma prática tão ousada quanto o neoburlesco, o risco de pesar a mão é grande. E esse é o segredo. “É o tempo todo uma coisa sensual sem ser vulgar. Quem já viu alguma performance, como as da Dita Von Teese, sabe que a dançarina é linda e chique, fica pelada e continua chique”, diz. Segundo ela, é uma questão de postura. “Não precisa rebolar até o chão, nem mostrar tudo. O segredo é posar como uma figura quase inatingível, alimentar mais o desejo sem oferecer tudo”.
"A banalização do sensual e do sexual nos deixou adormecidos para as sutilezas possíveis, e o burlesco resgata isso com o riso. Não é "olhe para mim, como sou sexy". É algo mais inocente e divertido, cheio de duplo sentido", concorda a dançarina burlesca Sweetie Bird. "O estilo ajuda a mulher a conhecer melhor o corpo, a ter controle sobre onde está e sua postura. Além dos benefícios de praticar um exercício divertido, o neoburlesco ensina a gostar do corpo, seja como for. A encontrar o seu melhor, e aprender a usar", define.
Nenhum comentário:
Postar um comentário